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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Happyhour com os amigos. Amigos?



Nada melhor do que beber com o pessoal da faculdade no fim do dia. Nós falamos de tudo que vem a nossa cabeça, desde que no fim das contas o assunto se transforme em sexo. O que faz o papo ficar bem mais divertido, é claro. Além disso, melhor ainda é falar de sexo com o seu amigo gay que é diversão garantida. Os heterossexuais adoram conversar de sexo com gays e perguntar sobre coisas que eles não entendem na hora que duas pessoas do mesmo sexo estão entre quatro paredes. Contudo, nada melhor do que você beber no fim do dia, falar besteira, mas com seus outros amigos gays né? Nossa! Isso sim é uma excelente “Happyhour”. O que me fez parar para pensar a respeito da amizade entre gays e heterossexuais. Ela é possível? Um homossexual pode se sentir de fato incluído num grupo de amigos heterossexuais ou ele nada mais é do que uma figura caricata que serve de diversão 24 horas? Deveríamos ser amigos apenas de gays? Nós gays somos amigáveis, somos abertos a qualquer tribo? Eu sei! São muitas perguntas, mas vamos lá.
Eu acredito que a amizade entre gays e heteros seja possível sim. Nos dias de hoje com a difusão de que a homofobia é algo ruim, muitas pessoas que antes não eram, se tornaram mais receptivas a se relacionar com homossexuais. E, além disso, a televisão vem tornando o gay uma personagem intrínseca dentro das mais diversas produções (novelas, programas humorísticos, cinema, seriados, talkshows e etc) o que permite que as pessoas nos conheçam melhor e percebam que não somos bichos de sete cabeças com uma cabeça de cada cor. Alguns consideram essa exposição negativa, principalmente quando se diz respeito às produções tele-dramatúrgicas e programas de humor; pois eles transmitem uma imagem caricata do homossexual. Todavia, eu me pergunto se de fato a comunidade gay não tenha mergulhado num mundinho de superficialidade e exibicionismo, o qual é o mesmo universo das personagens gays caricatas. Obviamente, nós temos exceções de gays intelectuais e mais centrados, porém eu posso dizer com grande certeza que a esmagadora maioria dos gays infelizmente é as personagens caricaturadas mostradas na televisão. Não há como negar! Quem freqüenta o circuito GLS sabe que não estou mentindo. Sendo assim, é propício que os indivíduos, frequentadores ou não do circuito gay, associem a imagem caricata da TV a qualquer gay que você conhecer. Sim! Eu sei! Seria preconceituoso assumir que todo gay é igual! Entretanto, serve para a maioria. Por mais que as vezes você não esteja a fim de cair no personagem os heteros sempre vão te ver como uma diversão 24 horas, por que eles não entendem nossa personalidade. É óbvio que aquela sua amiga de infância e “clubber” de carteirinha carimbada pela “The Week”, "Cine Ideal" e “le Boy” vai te entender né, até por que ela se duvidar é mais gay do que você! O que eu quero dizer é que eles até podem ser teus amigos, porém poderão te associar com entretenimento, o que pode fazer você se sentir um pouco usado de vez em quando. Sendo assim, nós não devemos ser amigos de heteros? Eu não disse isso. Na verdade, justamente por isso devemos ser sim. Não incorpore essa personalidade humorística só para divertir seus amigos e fazer com que eles gostem de você. Seja você mesmo! Se você é naturalmente entretenimento 24 horas, ótimo! Porém, se você não é, não se deixe levar por essa onda só para ganhar a atenção de um bando de babacas. Quem gostar de você tende gostar pelo que você é... Eu particularmente sou inconstante, o que complica para os rotuladores de plantão.

Bom, tá! Tudo bem... Os heteros são babacas quando vão tratar seus amigos gays, mas então eu devo passar a conviver mais com outros gays né?! É... .... Teoricamente sim né, mas nós não somos muito receptivos. Os mais másculos não se misturam com os efeminados, os fortes não se misturam com os magros, os magros gostam de fazer inveja nos mais gordos. E assim vai. Eu defendo a teoria de que isso seja um reflexo da discriminação que nós somos obrigados a tolerar da sociedade e por isso fomos impregnados com esse ódio e tentamos culpar uns aos outros pela imagem negativa que as pessoas tem de nós. Outros dizem que nós apenas somos más pessoas. O real motivo eu não sei, mas ele não importa tanto. O que importa é o efeito final. Nós não somos amigáveis. Nossas amizades são baseadas nos mais fúteis níveis possíveis como condição financeira, status social, beleza física. É muito triste. É claro, que existem amizades verdadeiras e puras que vão durar anos e mais anos – um raio acaba de cair na minha casa e desmorona a parede da sala. O que eu venho criticar aqui é o comportamento das massas, não fique chateado. A não ser que você tenha se identificado, aí sim fique bastante chateado! Debulhe-se em lágrimas! Reavalie o seu comportamento perverso e espero do fundo do meu coração que você esteja carregando o ódio que a sociedade deposita em você.

Puta que pariu cara! Eu vou ser amigo de quem? Hetero é babaca, gay é escroto! Porra! Eu vou conversar com quem então? Converse com você mesmo. Você não precisa de ninguém para ser quem você é ou se sentir feliz. Ame a você mesmo mais do qualquer coisa no mundo, ame muito a sua família, seja feliz em casa. Sinta-se satisfeito só com você. Pois assim, a sua felicidade radiante vai atrair pessoas que vão querer ser felizes assim como você.

Para que ser você mesmo?


Às vezes você precisa escrever o que se passa pela sua cabeça sem se preocupar sobre o que será ou no que isso dará. Deixar as palavras saírem da sua mente e fluírem ao som da digitação do seu teclado. Por mais que alguns assuntos me persigam pelo direito de fala eu os ignoro. Minha natureza é transgressora. Todavia, a minha personalidade oposicionista não deveria ser a razão para eu me recusar a falar sobre algo. Todos deveríamos. Por que tudo tem de sempre estar relacionado com alguma coisa? Qual a razão de escrever ter de ter um objetivo? Uma finalidade! Ou qualquer justificativa que seja!

Eu não escrevo por que tenho um motivo. Na verdade eu mal faço idéia do que vai sair desse texto e nem muito menos se ele chegará a alguém. Entretanto, eu escrevo, pois assim quero fazê-lo nesse momento. Pois assim eu sinto! A nossa vida é sempre tão milimetricamente calculada, seja no trabalho ou na vida pessoal, cheia de regras, de imposições, de expectativas ou planos. O ser humano está sempre buscando uma forma de justificar, prever e de compreender o que está acontecendo ao seu redor, que perdeu a sua naturalidade. Sua humanidade. Essência? E quem disse que nos temos uma essência? Chega! Basta! Por que raios tudo tem de ter uma base? Um fundamento? Eu sou o que eu sou e é isso. Amanhã se eu quiser ser outro, eu o serei. Continuo sendo eu. Eu não preciso ser “Eu mesmo”, pois não existe “Eu mesmo”. “Eu mesmo” sou quem eu sou agora, que pode não ser quem eu serei amanhã. A inconstância é que nos move, são as incertezas e dúvidas que fazem o mundo se desenvolver.

Para que dar uma resposta? Para que preencher seus atos com motivos? Para que ser o mesmo você mesmo o tempo todo?