.

.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Posso me sentar aqui ?


São 03h20min da manhã e o calor está insuportável. Eu liguei o ar-condicionado e assisti a um filme repetido para pegar no sono, mas ainda assim não consigo dormir. E o pior disso tudo, nem é o fato de não conseguir dormir, pois se fosse outro dia qualquer eu poderia dormir só lá pelas 5 ou 6 que não me importaria, há inúmeras coisas que eu poderia fazer até o sono vir. Entretanto, isso justamente tinha de acontecer no dia em que eu tenho de levantar mais cedo. É o que dizia Murphy: “Se existem chances de algo dar errado, dará. E dentre as possibilidades de erro a pior possível é que acontecerá.”Grande homem! Será que era gay ?

Daqui a 40 minutos tenho de começar a “me levantar”. Tomar meu banho, comer alguma coisa e “meter o pé”. Enfrentar aquele engarrafamento encorajador da Avenida Brasil e mais outro na Avenida Rio Branco. Nada mais estimulante! Alguns de vocês podem se perguntar para onde eu devo ir tão cedo e ainda por cima véspera de Ano-Novo. Mas eu garanto que, para onde eu vou não interessa muito e nem muito menos o que vou fazer lá. E acreditem que, não há – e quando eu digo não há, é não há mesmo – dupla interpretação nessa frase. I wish it was!

O que eu vou falar agora não tem muita relação com que eu acabei de escrever, mas isso não é uma redação dissertativa argumentativa de vestibular, então eu não preciso seguir aquelas regras de como manter o seu texto coeso que tanto me incomodavam. Aqui eu sou livre e escrevo como eu bem entender. Bom... Não como eu bem entender tão ao pé da letra, pois é interessante que além de mim mais alguém compreenda o que eu escrevi. Então! (...) é uma coisa meio desconexa, como eu já havia dito.

Vocês já reparam que ao entrar num transporte público homens heterossexuais sozinhos sempre procuram um lugar vago ao lado de mulheres?

Eu já cheguei a comentar isso com amigos e eles me deram algumas explicações que não me convenceram muito. Eis quatro delas:

Primeira: O motivo seria pelo fato das mulheres ocuparem menos espaço nos acentos do que outro homem ocuparia, uma vez que eles a maior parte das vezes gostam de sentar com as pernas abertas.

Segunda: Outra razão seria o constrangimento de sentar ao lado de um homem que você não conhece, principalmente se ele for atraente, o que poderia comprometer a sua virilidade na frente dos outros passageiros.

Terceira: Homens fedem e mulheres não. Portanto, é melhor sentar ao lado delas.

Quarta: Sentando ao lado de uma mulher o homem teria uma chance de “se dar bem” e quem sabe conseguir o número telefônico dela.

Francamente, eu não acredito em nenhuma delas. A questão é muito mais complexa do que aparenta ser. Talvez até tenha uma relação com a segunda explicação, mas pequena. A questão é a seguinte, homens heterossexuais não são como os homens homossexuais, eles detestam contato físico entre eles. Isso pode parecer óbvio, mas não é – e, por favor, não pense naquele contato físico, faça a linha casta pelo menos hoje. Eles evitam abraços, beijos no rosto e até contato visual, alguns deles. O heterossexual contemporâneo se limita ao típico aperto de mãos, que de tempos em tempos sofre algumas alterações, mas não evolui para um contato maior que não apenas mãos se apertando. E isso tudo está relacionado com o fato dos heterossexuais sentirem a necessidade de auto-afirmarem a sua sexualidade por meio da repreensão de que qualquer prática que venha a insinuar que ele goste de homens. Dentre elas está o simples abraço ou beijo no rosto que é um comprimento comum entre gays do sexo masculino. O que também é bastante comum entre mulheres e, recentemente, evoluiu para troca de salivas quando entre amigas íntimas. O que por sinal agrada muitos homens heterossexuais.

Mas a partir disso eu te pergunto: Qual é o problema de gostar de homens? Só por que você gosta dele não significa que você vai fazer sexo com ele. Os homens heterossexuais não conseguem entender que é possível haver afeto entre dois homens sem que a relação entre eles seja levada a um quarto de motel. O preconceito provindo dos heterossexuais com a relação de amor e sexo que há entre homossexuais do sexo masculino é tão forte que eles se tornaram cegos.

E isso é algo relativamente atual e ocidental, pois está inserido na dinâmica do heterossexual contemporâneo – Sim! Acreditem! A humanidade mesmo com o tempo ainda pode regredir. Vejam vocês que, antigamente nas décadas de 30 e 40, a relação entre os homens era muito mais íntima do que entre mulheres. Os homens como sinal de respeito limitavam ao máximo o contato físico com mulheres que não as suas esposas. Contudo, entre seus amigos do sexo masculino não havia o porquê de utilizar-se daquela formalidade e por isso era muito comum ver homens trocando abraços ou beijos no rosto. Além disso, na cultura muçulmana e indiana até hoje os homens são mais íntimos entre si do que com mulheres, justamente pela questão do respeito também.

Mas por conta de um preconceito bobo, que com o passar dos anos os homens heterossexuais não mais se permitiam gostar de seus amigos e demonstrar isso através de intimidade. O que deveria ser algo natural de ocorrer com o tempo de amizade.

Sendo assim, a minha explicação do porquê deles não sentarem ao lado de homens é simples: PRECONCEITO. Eles acham que sentando ao lado de homens vão transparecer que eles não se importam em estar perto de homens, o que implica em estar confortável com a situação, quebrando assim “a regra” de “don’t touch me” por eles mesmos imposta como forma de se opor ao comportamento gay. O que na verdade nunca foi um comportamento gay, mas apenas rotulado como gay, pois os homens heterossexuais foram reduzindo gradativamente o contato entre eles para simbolizar o quão asqueroso para eles é a relação sexual entre dois homens.

Pode até parecer a partir do que eu disse que os heterossexuais não são capazes de gostar de seus amigos do mesmo sexo, mas não! Eles gostam! O que, na verdade, acontece é que eles não mais sabem como expressar esse afeto, uma vez que esse hábito já se tornou tão comum e é por muitas vezes praticado até mesmo na relação entre pais e filhos.

O meu recado para os heterossexuais adeptos dessa prática é basicamente para deixarem de lado essa besteira de “não me toques”, e voltarem a demonstrar um afeto natural para com seus amigos do mesmo sexo. Pois se vocês pensarem bem, os gays são tão íntimos de suas amigas, pois eles não sentem nada sexual por elas e por isso não há motivos para não serem íntimos; não há vergonhas. Se vocês são tão certos a respeito de sua heterossexualidade por que não ser íntimo de homens? Só por que você vai sentar do lado dele no ônibus não significa que você aceitou subir no altar com ele!

TSSV

domingo, 27 de dezembro de 2009

Inaugurando... Cérebro gay x Cérebro hétero !


Olá!

Hoje me deparei com um assunto bem interessante para inaugurar o glsmart, mas antes disso me apresentarei. Eu sou universitário e gay - o que não deve ser muita surpresa para vocês- e me descobri como homossexual como muitos de vocês do sexo masculino quando percebi que estava apaixonado pelo meu melhor amigo, durante minha puberdade.Fato clássico na vida de um gay.Ainda assim,mesmo tendo passado por esse acontecimento comum a vida dos homossexuais sempre fui um gay diferente. Gosto de ler, estudar - exercitar a mente - e ultimamente tenho tido uma vontade quase que incontrolável de escrever o tempo todo sobre várias coisas.É óbvio que adoro uma balada, sair pra dançar e cair na noite com meus amigos. E longe de mim querer dizer que gays não gostam de ler, escrever ou estudar. Nós gostamos. A diferença é que a maioria gosta de escrever o telefone no celular de um pretendente, ler a marca da cueca daquele cara atraente ou estudar aquele garoto bonito que está do outro lado da pista. O fato é que, infelizmente, a comunidade gay atual esta quase que totalmente banalizada e sexualizada por culpa dos próprios homossexuais.Mas enfim(...) para resolver essa vontade incontrolável de escrever o tempo todo eu resolvi escrever um livro. Nada mais lógico não acham?! Sendo assim comecei um livro. Ele não passou da página 7.Aí, fiz outro, que não saiu da segunda página. Fiquei frustrado. Até que me surgiu a idéia de escrever num BLOG. GENIAL! Por que na verdade o meu problema não era escrever, mas sim escrever textos muito longos. Aí vim parar aqui.
Bem, agora que já sabem um pouco como tudo começou, Eu posso falar sobre o tema que havia comentado no início do texto. Então(...)Estava eu a navegar pela internet procurando assuntos para escrever aqui no blog e foi quando eu vi a seguinte pergunta num fórum bem famoso da internet:
Seria a inteligência média dos homossexuais maior que a de heterossexuais?


Aquela pergunta me deixou bastante pensativo. De fato eu conheço alguns homossexuais que apresentam uma mentalidade com um certo difererencial das demais pessoas com as quais estou acostumado a conviver. Ou até mesmo figuras públicas mundiais como Elton John, históricas como Oscar Wilde e nacionais como Cássia Eller. Entretanto, a minha lista de heterossexuais que são tão inteligentes quanto, ou até mais, que os homossexuais é maior; o que possa ser por conta do número desses superar o número de homossexuais que preenchem o meu espaço amostral.Contudo, eu resolvi pesquisar a respeito do assunto para poder esclarecer o tema no meu cérebro gay e cheguei a conclusões interessantes.
A origem desse questionamento é um excelente ponto de partida para o texto, pois nos remete a uma questão social e histórica de fácil visualização.Todos sabemos que, os homossexuais foram historicamente vítimas de hostilização e exclusão por parte da sociedade, na qual se encaixam os heterossexuais, há várias décadas e, infelizmente, permanecem sofrendo até a atualidade.A condição de excluído e a sensação de alienígena vivida pelo gay induzida brutalmente pela "sociedade" tornam o homossexual um uma figurinha diferente dentro do álbum. Ele pensa diferente, vê os fatos e as ações humanas com outros olhos e se comporta de forma distinta não só no contexto de personalidade mas também na sua visão crítica. Dessa forma, a resposta da "sociedade" a aquele alienígena pode variar. Há aqueles que, digam que a homossexualidade é uma doença mental como a China até o ano de 2001 ou os cristãos fanáticos que acreditam que é uma manifestação demoníaca. Ou ainda, os que acreditam que a diferença do homossexual está na sua capacidade crítica aguçada e objetiva reflexo da sua visão pseudo-privilegiada a resposta da forma como a sociedade funciona.
Qualquer que seja a forma como a raça humana interprete a diferença comportamental entre gays e heteros, o fato é que esse imenso abismo existe. Eu não digo a respeito de capacidade físico-mental - longe mim - mas sim na nossa atitude diante da dinâmica social. A forma como lidamos com o fracasso, o perfeccionismo, a persistência e perseverança em alcançar nossos objetivos e até mesmo a naturalidade escrachada quando se trata de falar de sexo. O fato da "sociedade" ter lutado tanto para excluir o gay fez com que nós fossemos submetidos a uma seleção natural - como descreveu Darwin a 150 anos atrás - que selecionou indivíduos capazes de lidar com essa problemática criada pelo preconceito, ou seja, pessoas mais fortes. E como consequência disso nós tornamos mais inteligentes? Seria essa a resposta?
Eu acredito que não. Por mais distintas que sejam a mente de homossexuais e heterossexuais cada um deles possuem obstáculos a superar que reduzem o seu verdadeiro potencial e o equilibram sob o mesmo nível. Os heterossexuais por exemplo, estão presos a padrões tradicionias de lifestyle, são menos críticos a respeito da forma como sociedade vem evoluido e acabam estagnados e presos no ciclo vicioso do conformismo. Já os gays, revolucionários crônicos, ultimamente se perderam no seu objetivo de inserir a cultura gay nas instituições que não lhe permitem viver em conformidade com a sua orientação sexual. Essa perdição é o que vemos hoje em dia com a banalização da figura gay como um organismo destinado apenas ao sexo. E isso se deve a tentiva do gay em chamar a atenção da "sociedade" através de um assunto ainda tabu entre os heteressexuais que é o sexo. Esse grito mudo de "Nós estamos aqui!" "Nós existimos!" "Preste atenção em nós!" é uma forma de fazer os heterossexuais nos reconhecerem como tais somos e num futuro nós formarmos uma instituição mais igualitária. Entretanto, o sexo, sexo, pênis,sexualidade, sexo, sexo, pênis e músculos; não está fazendo a "sociedade" olhar para nós da forma que queríamos. Eles até notaram que nós estamos aqui. Porém, adquiriram asco e repugnação a nossa postura excessivamente carnal que faz de nós indivíduos vistos como superficiais e fúteis; o que acaba que fortalecendo os padrões tradicionais aos quais eles estão presos.

Portanto,os homossexuais mesmo que possuindo uma condição pseudo-privilegiada para desenvolver uma mentalidade e comportamento social mais apurados e críticos do que heterossexuais que permanecem presos a seus padrões medievais,não somos ainda mais inteligentes do que os héteros. Mas quem sabe no futuro, com a superação desse estigma do sexo, sexo,pênis, sexo, sexo, músculos; nós possamos provar à "sociedade" nossa real capacidade. O que me faz pensar se a pergunta ideal não seria: Serão os homossexuais capazes de superar a inteligência da "sociedade" ?

TSSV